Gestão e Engenharia do Conhecimento

As organizações bem-sucedidas, para se manterem no mercado, precisam administrar o conhecimento embutido no seu capital intelectual. A Gestão do Conhecimento (GC), como um novo paradigma da administração [Chiavenato 2000], tem natureza interdisciplinar envolvendo aspectos de gestão de recursos humanos, modelagem de empresas e tecnologia da informação (TI). Além destas tecnologias, a GC faz uso de sistemas inteligentes para melhorar a competitividade das empresas. Por esta razão, tem recebido contribuições de diversas áreas, entre elas a Engenharia do Conhecimento (EC).

Atualmente a Gestão e Engenharia do Conhecimento são áreas de interesses comuns, mas com abordagens diferentes [Tsui et al. 2000] enquanto as técnicas de EC são consideradas micro estratégias do conhecimento, nas abordagens de GC são consideradas macro estratégias do conhecimento. A GC trata dos mecanismos de criação, representação, difusão, marketing e 

exploração do conhecimento. A EC se constitui numa alternativa para suportar a GC onde o conhecimento é o principal objeto de manipulação [Furtado 2000]. Através de uma metodologia científica, a EC busca analisar e modelar o conhecimento obtendo o completo entendimento das estruturas e processos utilizados pelos trabalhadores do conhecimento. Ela torna possível identificar as oportunidades e os gargalos na forma como as organizações desenvolvem, distribuem e aplicam seu conhecimento. 

Em [Sveiby 2001] identificamos duas abordagens para explicar o que é a GC: o da TI, com foco no gerenciamento da informação e o da cultura organizacional ou comportamental, que inclui o conjunto de hábitos, crenças e valores sociais de cada organização [Chiavenato 2000] e tem foco no gerenciamento de pessoas e seus relacionamentos. 

− A abordagem de TI é caracterizada pela aplicação da tecnologia computacional para a gerência do conhecimento. Os pesquisadores e profissionais neste campo, em geral, têm formação em Sistemas de Informação ou Ciência da Computação. Estão envolvidos na construção de sistemas de informação, inteligência artificial, reengenharia etc. Para eles o conhecimento é igual a objetos que podem ser identificados e manipulados em sistemas de informação. De uma maneira geral, tecnologia e tratamento de informações são o ponto central desta abordagem que está crescendo rapidamente, apoiada pelas inovações na TI. É baseada nos seguintes pressupostos: 

° Melhorar o acesso à informação, com novos métodos de acessos e reuso de documentos 

(ligação em hipertexto, banco de dados, procura indexada, etc); 

° Usar tecnologia de rede de um modo geral, “intranets” e ferramentas de suporte ao 

trabalho em grupo (groupware) em particular. 

− A abordagem comportamental do conhecimento preconiza uma solução administrativa, mudança de postura gerencial e cultural, para a solução do problema de gerência do conhecimento. Os pesquisadores e profissionais neste campo, em geral, têm formação em filosofia, psicologia, sociologia ou administração. Estão, tradicionalmente, envolvidos com trabalhos de avaliação, mudança e melhoria das competências individuais, como os psicólogos, ou em nível organizacional, como os filósofos, sociólogos e teóricos da organização ou administradores. Para eles o conhecimento é igual aos processos, um conjunto complexo de habilidades e experiências que está constantemente mudando. É baseada nos seguintes pressupostos: 

° O comportamento organizacional pode e deve mudar para uma boa gerência do conhecimento. Como uma ciência interdisciplinar, se preocupa com o estudo da dinâmica das organizações e como os grupos e indivíduos se comportam dentro delas [Chiavenato 2000]. 

° O enfoque nos processos é o problema principal não a tecnologia, pois considera a inovação uma vantagem competitiva difícil de se possuir comparada aos investimentos em TI para GC. O objetivo é maximizar a habilidade das pessoas na organização para criar novos conhecimentos e construir ambientes que propiciam o compartilhamento do conhecimento.

° O gerente intermediário é o responsável para ligar o topo à base, e vice-versa (midle-up management).

Fonte: FALCÃO, José Alzir Bruno Falcão. Modelagem Conceitual da Memória Organizacional Integrando Processos de Negócios com a Engenharia do Conhecimento [Fortaleza] 2002 

 xvi, 157 p. 29,7 cm (MIA/UNIFOR, M.Sc., Engenharia do Conhecimento, 2002)