terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Metodologias do Conhecimento - CommonKADS

     Como já foi brevemente abordado anteriormente, é uma estrutura metodológica que norteia a construção de sistemas baseados em conhecimento para a resolução de problemas que envolvem conhecimento. Shereiber (1999) descreve a metodologia CommonKADS como uma extensão de metodologias já existentes (análise estruturada de sistemas, teoria da organização, orientação a objetos, processos de reengenharia e gestão da qualidade), empregada quando a tarefa, o processo, domínio ou aplicações tornam-se intensivas em conhecimento. Essa metodologia está organizada em três níveis de modelos que buscam responder três questões norteadoras: Por que, O que e Como.
  • A primeira questão (Por que) busca responder por que um sistema de conhecimento é uma potencial solução para o problema no contexto que se pretende desenvolver.
  •  A segunda questão (O que) norteia o entendimento de qual conhecimento precisa ser aplicado na tarefa a ser abrangida pelo potencial sistema e
  •  A terceira (Como) compreende os aspectos técnicos referentes ao artefato a ser desenvolvido.

     Todas as questões norteadoras da metodologia estão direcionadas a construir o Contexto, o Conceito e o Artefato do projeto.

     O CommonKADS possui um conjunto de seis modelos que especificam as aplicações a serem desenvolvidas. Estes modelos são distribuídos em três camadas como demonstra a figura 3.


Camadas e modelos do CommonKADS

A seguir é apresentada uma breve descrição dos 6 modelos que constituem o CommonKADS:

Camada Contextual

     Nesta camada são levantados o contexto da organização, definindo suas características, as tarefas e atividades que são executadas e os agentes envolvidos. É a camada mais ampla da metodologia, sendo composta pelos modelos de organização, tarefa e agente.

Modelo de Organização
     Este modelo tem por objetivo analisar o ambiente organizacional, para descobrir problemas e oportunidades, alinhando a estratégia da organização, levantando o contexto, cultura, estabelecendo a viabilidade e medindo o impacto das ações intensivas em conhecimento pretendidas. Para explicitar e especificar os vários aspectos que devem ser considerados neste modelo da organização, a metodologia CommonKADS estabelece o uso de 5 planilhas (OM - Organizational Model) numeradas. OM-1: Problemas e Oportunidades (do contexto organizacional e soluções). OM-2: Aspectos de mudança a partir do sistema de conhecimento (estrutura, processo, pessoas, recursos, conhecimento, cultura e poder) OM-3: Principais tarefas do processo de negócio (identificando as tarefas, agentes que executam, e se a tarefa faz uso intensivo de conhecimento). OM-4: Ativos de conhecimento identificados no sistema (identificando ativo de conhecimento, agente que o possui e se a sua aplicação é feita de forma correta) OM-5: Trata-se da consolidação da análise em um único documento, composto pelo estudo de viabilidade do negócio (custo/benefício), técnica (existência de tecnologias), do projeto (ações propostas), para o desenvolvimento do sistema de conhecimento.

Modelo de Tarefa
Este modelo tem como objetivo levantar as tarefas e processos do negócio. Analisa a composição da tarefa global, suas entradas, saídas, pré-condições e critérios de desempenho, bem como recursos e competências necessárias na sua execução. O modelo de tarefa é composto por duas planilhas TM-1 e TM-2: TM-1: Análise da tarefa, identificando a forma que é organizado, objetivo da tarefa e seu valor, dependência e fluxo, objetos manipulados, “controle de tempo, pré e pós-condições”, agentes, conhecimento e competência, recursos, qualidade e performance.

TM-2: Itens de conhecimento para a tarefa, identificando tarefas são gargalos ou que devem ser melhoradas, natureza do conhecimento (se a tarefa é empírica/quantitativa, baseado em experiência, incompleto, incerto (pode ser incorreto), muda rapidamente, forma de conhecimento (na mente, em meio eletrônico) e a disponibilidade do conhecimento (limitações de tempo, limitações de qualidade, limitações de forma).

Modelo de Agente
Descreve os agentes executores das tarefas, apontados no modelo organizacional, podendo ser humano ou não. É composta pela planilha AM – 1 que, descreve as características dos agentes (competências, autoridades, restrições de ações, etc) associando a forma que se relacionam para execução de uma tarefa. Na camada contextual ainda é feito um checklist (OTA-1) que une os modelos da organização, da tarefa e do agente observando fatores críticos de sucesso.

Camada Conceitual
Este nível tem por objetivo explicar em detalhes os tipos e estruturas de conhecimento utilizados para realizar uma tarefa, bem como destacar como ocorrem as interações entre os agentes envolvidos em sua utilização.

Modelo do Conhecimento
Descreve o conhecimento envolvido no domínio do projeto. Com este modelo é possível detalhar como o conhecimento está relacionado em cada tarefa, quais agentes o possuem e como seus componentes relacionam-se entre si. Este modelo é o que oferece maior contribuição na metodologia CommonKADS, porque propõe-se a explicitar, formalizar e estruturar o conhecimento que é necessário para resolver um problema. Esta camada é dividida em três níveis (conhecimento de domínio, inferência, tarefa), onde cada nível contém um tipo particular de conhecimento. Conhecimento do domínio: tipos de domínio, regras de domínio e fatos de domínio; Conhecimento de inferência: inferências básicas e papéis de conhecimento; Conhecimento da tarefa: objetivos da tarefa, decomposição da tarefa e controle da tarefa;

Modelo de Comunicação
Dado que muitos agentes podem estar envolvidos em uma tarefa, é importante modelar a transação de comunicação entre os agentes envolvidos. Isso é feito pelo modelo de comunicação, de forma independente de implementação ou de conceito, como ocorre no modelo de conhecimento.

Camada de Projeto
Os modelos do CommonKADS compõem a especificação necessária para a criação de um sistema de conhecimento. O modelo do projeto conterá, então, a conversão das informações contidas nos modelos em especificações técnicas do sistema quanto a arquitetura, plataforma de implementação, módulos de software, construtores de representação, e mecanismos computacionais necessários para implementar as funções verificadas nos modelos de conhecimento e comunicação. No modelo de Projeto é gerada uma especificação técnica que servirá como base para a implementação do sistema. O projeto do sistema pode ser considerado como um detalhamento dos demais modelos, adicionando ainda os detalhes de implementação. Esses detalhes são deixados em aberto na fase da análise, devendo ser especificados agora, como por exemplo a definição de tipos de estruturas e de dados, métodos computacionais que realizarão inferências, dinâmicas de armazenamento, meios de comunicação entre os módulos e agentes. Segundo Abel (2006), existem alguns critérios de qualidade que devem ser levados em consideração na hora de se projetar o sistema. O Quadro a seguir lista os principais critérios e suas respectivas descrições

http://www.egc.ufsc.br/wiki/index.php/Processo_de_Engenharia_do_Conhecimento

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